Dançabê - Técnica do Abê - Voz, Movimento e Percussão

21-11-2018

Com Raquel Cruces

2 SESSÕES DE 90 MINUTOS

DIAS - 21 E 22 DE NOVEMBRO 2018

HORÁRIO - 21:30 - 23:00

VALOR - €25

LIMITE DE PARTICIPANTES - 8

SOBRE O WORKSHOP:

DESCONEXÕES

Ao tocar um instrumento, estamos comunicando e estabelecendo conexões cerebrais que só podemos experimentar através da música. Mas o que acontece quando queremos não apenas tocar, mas também cantar uma música e fazer alguns passos de dança? Estamos então construindo um espaço de comunicação mais profundo e complexo no qual uma coordenação eficiente da linguagem verbal, corporal, não-verbal e musical se torna necessária. Neste novo e mais complexo espaço precisamos enviar as instruções certas para o nosso cérebro. Caso contrário, irá gerar uma série de reservas que irá dificultar um desempenho fluido e relaxado. Mas se somos capazes de falar enquanto andamos ou cantamos enquanto dirigimos, por que encontramos dificuldades quando queremos cantar enquanto tocamos esse instrumento? Por que achamos complicado introduzir uma pequena coreografia acompanhar essas notas musicais? Depois de oito anos ensinando percussão tradicional do Nordeste brasileiroa grupos com diferentes seções rítmicas, notei que muitos alunos que tinham grandes qualidades musicais não conseguiam se desenvolver e dominar o abê, quando eu tinha pensado que eles o dominariam facilmente. Nesse momento comecei a investigar com outros professores e estudando vídeos de alagbês (os tradicionais "fantásticos jogadores abê"). Seguindo bandas brasileiras e européias e estudando abê tocando de diferentes abordagens, desenvolvi meu próprio método de aprendizagem da língua do abê.

COM ESTE MÉTODO PODEMOS 

poupar esforços, admitir nossos próprios limites, entender as reservas que geramos, desbloquear nossos corpos e criar um novo espaço que facilite a comunicação verbal, musical e corporal livre.

O INSTRUMENTO 

um produto da terra: uma abóbora vazia e seca com uma rede auto-fabricada que o cobre com sementes ou conchas. A forma de cada fruta determinará seu som. No Brasil é conhecido como abê, xequeré, aguê ou cabaça. Em Cuba encontramos os nomes chekeré, aggué, abwe ou, mais simplesmente, guiro (abóbora). Os Yorubas chamam-lhe sèkèrè, agbe, kengb ou akeregbe. Outras culturas africanas o nomeiam lilolo, axatse, chequere, etc. Mas qué é o que você sabe sobre você? O que você sabe sobre esse instrumento? Você está familiarizado com as lendas sobre suas origens? Você sabia que tem sido tradicionalmente usado pelo culto do candomblé afro-brasileiro? Você sabia que até o final dos anos 90 foi jogado quase exclusivamente por homens? Qual é o papel das mulheres hoje no desenvolvimento do abê?

A VOZ, O OUTRO PROTAGONISTA 

Cantando em uníssono e sentindo a força do canto coletivo. Conduzir o canto do resto do grupo perpetuando velhos tipos de canções de trabalho (pergunta e resposta) e sentir como a energia viaja em ambos sentidos entre você e o grande grupo. Colocando as toadas versos (versos cantados) em ritmos diferentes. Usando o apoio físico fornecido pelo abê ao tocá-lo enquanto nós o dançamos para distribuir nossas respirações na frase da toada. Usando e aproveitando o canto para incentivar e multiplicar a própria energia dentro do grupo, regenerando nossa resistência corporal e melhorando nosso desempenho ao mesmo tempo.

O MÉTODO 

Utiliza-se uma metodologia multidisciplinar. Integra percussão, dança e canto.

CONTEÚDO 

Contextualização do instrumento e introdução à cultura brasileira enfocando as origens, o desenvolvimento e a cena musical de hoje. Rotinas básicas para o primeiro contato com a técnica instrumental do abê. Detecção e exame das resistências corporais geradas pelo nosso cérebro ao enviar instruções para comunicar neste complexo espaço de percussão e dança. Rotinas para desconectar de nossos próprios limites. Criação de novas encomendas que facilitarão a coordenação e comunicação. Breve introdução às canções de trabalho brasileiras que se originaram no início dos anos 1800 e que se tornou popular nos anos 30. Exercícios em que a percussão e a dança se combinam com o canto, chegando assim ao complexo espaço musical que se encontra em todas as manifestações musicais do Nordeste no Brasil.